Era uma vez... o Apache?! - Parte 3 - Final

Realmente é muito complicado driblar a falta de tempo... o que acaba levando a grandes períodos de desatualização do blog.

Contudo, até que enfim, chegamos ao final dos posts sobre o Apache. Meu objetivo com estes posts é ressaltar, de certa forma, o quanto os softwares desenvolvidos e mantidos por comunidades de software livre (e com código aberto!) podem abocanhar uma grande fatia do mercado, causando, muitas vezes, um impacto muito mais notável que muitos softwares proprietários.

Continuando a história...

O sucesso do Apache, que oferecia um grande espaço para a hospedagem de milhares de sites com qualidade não encontrada em outros servidores da época, desbancou o lançamento da IBM nesta mesma época, o proprietário servidor GO.

Dada esta cena, a IBM optou por uma investida interessante (e plausível!): resolveu contatar Brian Behlendorf, que era a frente do Apache, para propor uma espécie de parceria. A idéia da IBM era investir em melhoras personalizadas no Apache, mas sem ter sua imagem prejudicada ou desrespeitar os direitos, existentes informalmente, do Apache.

Assim, a parceria da IBM com o pessoal do Apache teve como primeiro resultado notável a criação da Apache Software Foudation, sem fins lucrativos, que regulamentaria os direitos informais existentes até então, criando uma estrutura legal em torno do servidor Apache, possibilitando que outros pudessem modificá-lo e utilizar estas modificações sem transgredir leis ou acabarem sendo responsabilizados negativamente.

Com uma estrutura jurídica consistente e uma nova organização estabelecida, a IBM, e tantas outras empresas quanto quisessem, poderiam implementar melhorias no código do Apache e comercializar (o que não chega a ser bom ao usuário final...) este sistema adaptado. Com isso, a IBM começou a enviar seus engenheiros, criteriosamente escolhidos pelos cabeças do Apache, para trabalharem em parceria com o restante do pessoal. E, detalhe, deveriam contribuir, sem cobranças, assim como os demais!

Em 1998, a IBM anunciou uma possível incorporação do Apache ao seu novo servidor, o WebSphere. De certa forma, as contribuições feitas no código do Apache deveriam ser devolvidas à comunidade, mas em casos como o da IBM, bastava o reconhecimento e crédito à comunidade que havia desenvolvido, e continuava a desenvolver, o Apache. Mas isto não enfraquecia a comunidade, pelo contrário, a fortalecia, pois mesmo sem código retornável, um crédito contínuo à comunidade era gravado em todas estas contribuições proprietárias, o que dava mais força a uma comunidade aberta e livre. Uma mão lava a outra!

Esta colaboração entre Apache e IBM levou a bons e notáveis resultados:

• Como a maioria deve saber, atualmente o Apache é um dos mais bem-sucedidos softwares de código aberto, utilizado em dois entre cada três sites no mundo.
• A aposta da IBM no Apache resultou em um modelo de ampla aceitação, levando a IBM à liderança comercial de servidores Web.

Tudo isso prova que a colaboração no mundo de hoje está se tornando o principal salto para o sucesso. Mas o mais importante é quando um projeto possui uma equipe que realmente gosta e se importa com o que está fazendo. A união entre o útil e o agradável, a colaboração e a contribuição, o constante aperfeiçoamento.

Pois é, o mundo de hoje exige muito mais que sorvete de chocolate, ele pede a casquinha de chocolate também e uma boa dose de cobertura! ;D

Créditos ao livro O Mundo é Plano, de Thomas L. Friedman, editora Objetiva, pela inspiração e base para publicação destes posts.

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